terça-feira, 15 de maio de 2007

ZERO

Não questione minha superficialidade!...não há nada debaixo dessa máscara de papel machê... Não me olhe assim, sou apenas um universo ambulante, indolente, entregue à doce e ensolarada matrix ... não espere coerência, nem profundezas abissais, não vc, q com um movimento da lamina pode violar minha integridade revelando a tragédia e o patético da vida... Não verás lampejos de inteligência, nem terás olhares cúmplices, sou unhas roídas, hemoglobinas flutuantes em fluxos Opositivo e uma mente perdida em nuvens de algodão doce ...pura glicose.
Eu não quero nem saber se vão gostar e o q vão dizer, eu quero gritar teu nome no meio das ruas de Ouro Preto, de pura alegria ingênua, febril...não sou nada mais q um amontoado de peptídeos viciados em prazer! Mas não espere altruísmo, não serei compreensiva, nem pedirei perdão...meus inquilinos só querem diversão e fazem da minha cabeça um grande salão sem lei. Os anos passam meu bem, e continuo a brincar de ser Deus, vislumbrando o nada absoluto na ponta dos pés, a beira do abismo, ...pq é excitante sentir o vento cortante no rosto, pensar q...um passo em falso, a um passo a frente, cuidado!...nada mais pode me trazer de volta...nem usurpar a paz conquistada, o absolutismo envolvente do nada...nem as lembranças, nem o passado, é só o presente, o fluxo sanguineo e batimentos cardíacos, tunshi, tunshi, na batida do trance...no meio da pista, luzes e escuridão, e o relógio e as horas..., quem se importa com eles?..Não me olhe assim, já não me interesa saber quem sou, apenas não me olhe assim nem questione minha superficialidade....não podes ver a realidade? índigo blue jeans, carne e ossos de isopor....

Um comentário:

Anônimo disse...

pró,pré,pós disse...
ergo a mão e falo,mesmo não sabendo se teu olhar bateu em mim,se teu ouvido alcançou minha voz(ou será o contrário?)falo num tom à meia voz mas sem folhas arrancadas, com todas as letrinhas e borrões...afinal,você me conhece,já viu a afta da minha amígdala...falo sem me importar se nosso momento é o mesmo, porque num outro momento o será, ou virá.
nas folhas, nos planos da tua matrix respiro o ar dos intervalos, folheio você, te leio, intuo quando o álcool borrou tua escrita,quando as cinzas turvaram as tuas letrinhas miúdas e ardidas. Babylon, teus saltos no buraco negro , não nego, me afligem, me acometem...embora o tudo e o nada estejam no teu chaverinho de gizos e fitas e a tua chave abra a ambos sem distinção, te declaro, volvo o teu maxilar(não posso me furtar em chamá-lo de queixinho...)um pouco e te mostro que tuas pitucas, teus papéis amassados, tua calcinha usada ontem, está no nosso quarto, no nosso lugar, arraigados como a raíz de uma berruga escura,permanecendo nos teus espirais,nos teus tornados,atrás da máscara de papier maché, fazendo a grande transmutação de isopor em osso e carne. Não questiono a tua superficialidade porque de planos se faz a nossa consistência,sou também a superfície que tua "palma do pé" conhece...também tenho o meu nada e tudo, abaixo da minha pele jaz ,crepita, cripta em ebulição, o meu alcatrão, cuja vitrine são tuas (tão minhas) negras ìris.